terça-feira, 4 de agosto de 2009

A gosto do desgosto

Volto-me ao mundo das idéias
Anestesia feita para os que sentem dores d alma.
Uma moça foi tirada do inferno,
Sem que tirassem o inferno dela.
Há sempre espaço para tal alma se expandir
Até se tornar o oceano infinito.
Eu que não estou mais aqui
Sinto saudades de mim
Em vê-la tão sóbria
A gosto do desgosto.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

M.J

Olhei para o nada e vi a morte.
Sem entender Seus motivos, pedi que não o levasse...
Nunca houve maior dor além do adeus.
Rogaria que me preparassem,
Me humilharia em desespero pedindo entendimento.

Dê- me sabedoria,
Te peço Deus...
Não entendo a vida
Não entendo a morte...
Entendi somente a dor do adeus...
Me dê o oásis desta sequidão,
Já não viverei sem os olhos seus.

De...

Defino-me desolado.
Desolado de tantas aflições
Descontrolo-me e descontente,
Descobri em mim a razão do sofrer.
Deixe-me sozinha,
Desgarrada,
Desapego-me então de ti.
Defina-me,
Decifre-me,
Decida a razão para viveres em mim.

domingo, 14 de junho de 2009

Infortúnio

Mesmo que intentes contra mim,
Que passes seus dias a maquinar o mal
Ainda que faças sofrer o inocente,
Não pagarei seu mal por mal


Não lhe mostrarei minhas desesperadas lágrimas,
Ainda que meu sorriso triste não lhe seja reconhecido.
Que entendas em breve o caminho escolhido,
Mesmo que já tarde, ainda acredito
Assim em infortúnio, vivo não menos iludido.

Rosas Minhas

Rosas minhas que não calam,
Clamem rosas que suportam a dor.
Arrancadas a dia a dia despencadas murcham,
Sangue rubro sem algum valor.

Tal como a flor suas pétalas caem,
Exale o perfume que ainda ficou.
Sinta seus espinhos, os agarre com vigor.
Rosas minhas clamem,clamem,clamem...
É chegado o dia do sangue derramado,
Em mim, em ti, tudo se findou

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Ser você

Se fosse eu, seria um mar morto em pleno sertão...
Sendo você, é mar azul e maresia cheirando a saudade.
Sendo eu, é tudo alegria triste de um dia cinza...
Se fosse você, seria o cheiro do pão, acalanto d´alma

Se fosse eu, seria a tenebrosa tempestade...
Granitos cortariam os perversos que habitam minhas mágoas.
Sendo eu, pouco há para se oferecer...
Migalhas de uma mesa vazia e triste que esperam sua chegada.

Se for você , é possível ver Deus.
Raios de sol iluminariam bons e maus
Ser você é ser a esperança do soslaio divino.
Ser você é o acalanto do sendo eu o que sou.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Névoa

Misturei-me entre luz e trevas.
Intercalando os dias, escolhi olhar para o alto.
Sentindo o mel das palavras,
Apreciando o sorriso dos enamorados,
Esqueci-me de mim.

Volto os olhos contra a luz,
Sinto as trevas atrás do nevoeiro.
Quando o fogo da fúria se acendeu,
Voltou às gotículas de um sangue amargo.

Oxalá, tivesse a força de um guerreiro.
Desconstruiria as ofensas atacadas,
E não fugiria deste cárcere a mim destinado.
Existo entre luz e trevas de um nevoeiro que nasceu em mim.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

LEMBRETE... Mário Quintana

A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são seis horas!Quando se vê, já é sexta-feira... Quando se vê, já terminou o ano...
Quando se vê, perdemos o amor da nossa vida.
Quando se vê, já se passaram 50 anos!
Agora é tarde demais para ser reprovado.

Se me fosse dado, um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio.
Seguiria sempre em frente e iria jogando, pelo caminho, a casca dourada e inútil das horas.

Desta forma, eu digo: não deixe de fazer algo de que gosta devido a falta de tempo;
a única falta que terá, será desse tempo que infelizmente năo voltará mais

terça-feira, 14 de abril de 2009

Castigo

Castigo
Hoje dói mais...
Sinto a peste que dorme entre trevas encobrir meus pensamentos.
O terror noturno apavora-me.
Sinto a peste acordada assolar meu corpo.
Todos ao meu lado caíram.
Estamos prostrados.

Hoje sinto dor...
Meus olhos contemplam o caos...
Vejo em nós o castigo como recompensa.
O mal nos sucedeu,
As pragas chegaram a nossas casas.
Nossos caminhos foram descobertos.

Hoje dói mais...
Tropeço entre os escombros .
No pó relembro o que era.
Não estou livre e nem salva.
Em minha angústia gritei sem voz.
Vozes choram sem lágrimas.

Hoje sinto dor...
Oh, palavras que afugentam minhas magoas!
Livrai-me de mim
Livra-me das trevas...
Tira-me das ruas dos injustos,
E não estarei prostrada ao ver...
Vês os pesadelos de olhos abertos como eu?
.


O espelho não refletiu-me
Seus estilhaços evidenciariam à dor
Uma porta proibida foi destrancada
O monstro saiu, e envergonhei-me do que sou

Atrás das portas está o que sou
Qualquer distração e morrerá um pouco de mim
Sorrisos são máscaras da alma
Seduza o bom
E seus versos tristes não ficarão perdidos

quarta-feira, 25 de março de 2009

Dê-me vida

Te dei a chave para olhar além dos meus olhos.
Ainda assim não posso abrir todas as portas.
Hoje me sinto anestesiada.
É assim quando vivo todos os meus temores...
Vivo sem uma alma.
Meu espírito pernoitou em outro lugar.
Encontre-o e dê-me vida.

Não acordo do pesadelo.
Não tentarei acordar.
Sinto meu sangue escorrer,
Desfaleço do nada que me tornei.
Abro os olhos e vejo a verdade.
Não tenho alma
Meu espírito foi-se e congelei por dentro...

Escolho a escuridão,
Pois predestinamente não há escolhas para mim.
Não há nada aqui dentro.
Lembro-me da chave que lhe dei...
Salve-me de mim e ainda sorrirei
Salve-me de minhas dores
Onde tudo está entorpecido...

Não há cura

Não há cura.
Fadado as agonias diárias,
Perco planos e sonhos sólidos.
Agrava-se a cada minuto.
Haverá outro com tais sintomas?
Outros sem sono, sonhos,
Sofredores de insônias, angústias e tremores?
Haverá outros com dor da alma?
Cada respiração denuncia os sintomas
A culpa faz parte da dor.
Não há mais estruturas na casa...

Não há cura
A doença se agrava a cada dia
Todos os edifícios são convites ao salto final.
Olho para o céu e não enxergo o sol.
Haverá perdão para os imperdoáveis?
Perambulo ocultando mus versos
A vergonha sufocou um íntimo
Até quando suportarei o v ale de lamas negras?
Afaste-se de mim, não quero sorrir.
Alheio a tudo não percebi quando meu mundo desabou

domingo, 15 de março de 2009

Estrela Minha

Vi uma estrela
Não, vi a minha estrela.
Ela me acariciava única a me ver dormir.
Consolava-me penosa em ver minhas angustias.
Vi minha estrela.
Entendi suas palavras silenciosas,
Éramos iguais em nossas dores.
Deitada no chão frio eu admirava seu brilho.
Enquanto ela sussurrava já estar há tempos apagada.
Vi a única estrela
Ela sofreu ao ver-me partir.
Entrei no inconsciente
E acordei saudosa
Uma pausa enquanto escondo a dor no peito
Eles precisam achar que ainda brilho
Mas quando vi minha estrela entendi...
Estamos para sempre apagadas

Mais um Soneto

Ali, junto ao fim de tudo, não quero suas lágrimas.
Ali, entre as tristes homenagens finais,
Digam ao mundo que fugi enfim,
Desta vida vã, e entre os vermes irei habitar.

Não memorize minhas ultimas palavras.
Não reveja minhas mãos tremulas, mas o meu amor por ti eterno...
Se possível, por favor, me esqueça.
Se um dia ao ser lembrado te causar algum dano.

Se um dia olhares esses angustiados versos
Já serei pó,
Não te esforces em lembrar meu nome.

O amor, a vida, estará tudo acabado
Alguém melhor consolará sua dor
Do meu tolo amor não ria, depois que eu me for.

Cap

Façamos parte do pequeno clã,
O Clã das Almas Perturbadas.
Ansiosos, imersos em suas buscas.
Aflitos, afortunados de questionamentos.
Assombrados por saber.. o não-saber.

As catedrais não correspondem aos paradoxos.
Suas paredes exigem o eco da submissão.
Afastemo-nos da névoa da afirmação.
Enxergar o temporal é o bem maior dos impuros.
Sujos do questionamento proibido.

Sou parte do pequeno clã,
O Clã das Almas Perturbadas.

Corri e me escondi guardando as palavras
As dores do coração não perturbarão os escolhidos.
Dance suas danças alegres,
Desenterre sorrisos descompassados.
Ah, desengonçados, imitando os ritmados passos,
Mais uma vez buscarei a liberdade nos escombros.


Não há vida longe do meu clã,
O Clã das Almas Perturbadas.

Meus versos são meu sonho dado

Fernando Pessoa
________________________________________
Meus versos são meu sonho dado

MEUS VERSOS são meu sonho dado.
Quero viver, não sei viver,
Por isso, anônimo e encantado,
Canto para me pertencer.
O que soubemos, o perdemos.
O que pensamos, já o fomos.
Ah, e só guardamos o que demos
E tudo é sermos quem não somos.
Se alguém souber sentir meu canto
Meu canto eu saberei sentir.
Viverei com minha alma tanto
Quanto outros vivem (?)

quinta-feira, 12 de março de 2009

Presente no Presente

Hoje não falarei dos pesadelos,
Dos tremores,
Das angústias,
Das insônias,
Das mágoas metafísicas,
Da existência forçada.

Hoje cantarei os sonhos,
As certezas,
Os alívios,
As fugas sem dissabores,
Os apoios incondicionais,
A inexistência do entender a alma.
Fernando Pessoa
Meus versos são meu sonho dado

MEUS VERSOS são meu sonho dado.
Quero viver, não sei viver,
Por isso, anônimo e encantado,
Canto para me pertencer.
O que soubemos, o perdemos.
O que pensamos, já o fomos.
Ah, e só guardamos o que demos
E tudo é sermos quem não somos.

Se alguém souber sentir meu canto
Meu canto eu saberei sentir.
Viverei com minha alma tanto
Quanto outros vivem (?)

segunda-feira, 9 de março de 2009

Poeira do Asfalto

As noites tomam-me os sonhos.
No abrir e fechar dos olhos fujo da realidade.
Existirá alguém mais tão inadequado quanto eu?
Os pensamentos me são como a poeira do asfalto.
Que levantam a luz do dia e toma seu lugar de direito a madrugada.

Estremeço a cada minuto por saber o que sou...
E não há esperanças de uma mudança em um mundo escorregadio.
Por favor, coopere e sorria!
Siga o ciclo dos gratos =============
Viva definhando as esferas amargas, beba sua violência interna.

Se tiveres astúcia, ouça:
Não há um porquê de viveres na cadeia da cidade,
Se estás preso às cadeias dos seus pensamentos...
Por favor, coopere e sorria!
Siga o ciclo dos gratos =============

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Cinja-me de folhas secas

Cinja-me de folhas secas,
Cinja-me em suas verdades,
de folhas secas_
Secas que se quebram ao tocá-las
Em fronte a apagar-se
Tão cedo!
Cinja-me de folhas secas
E de folhas da alvorada.
E basta.

Coroai-me de rosas por Ricardo Reis

Coroai-me de rosas,
Coroai-me em verdade,
De rosas —
Rosas que se apagam
Em fronte a apagar-se
Tão cedo!
Coroai-me de rosas
E de folhas breves.
E basta.

Jornada

Eu sei tudo sobre vida e morte.
Fui deixada na estrada à porta da minha consciência.
Subjugada pelas fortes dores, corri de mim em plena ciência.
Quebrado e destruído está o meu odre.

Coloquem-me no isolamento.
Constituo ameaça com meus profundos questionamentos.
Resolvi deixar de ser o que não sou...
Mas ainda guardo meus segredos, oculto toda a dor.

Dor de ser o que é...
Dor de viver sem querer a dor do outro.
Em minha angústia, desejei o melhor para mim.
Revelei o que ansiei: me autodestruir.

As palavras condenam os que as escrevem em público.
Rasgue sua alma e se entregue as vaias dos covardes.
Revele suas chagas e antecipe sua jornada
Deixe-me só, busco escrever minhas ambigüidades.

Vivo meu isolamento intelectual.
Sentada a beira de um poço choro meus devaneios
Vi o reflexo do que sou...
Poço, guarde contigo a subjetividade da minha dor...

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Um dia

Perco um dia de vida a cada dia que passa por mim.
Longe se vão os dias da mocidade.
Foi assim que me perdi no labirinto onde não há paz.
Preciso aceitar o que perdi
Perdi e me perdi entre paredes sombrias
Os dias que não voltam lembram do que sou feita.
Feita de dias frios, da frieza natural.
Não sou boa
Meus fracassos recordam os dias perdidos...
Posso ainda achá-los em terras amargas.
Cultivarei uma árvore seca e nunca me preocuparei com seus frutos...

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Fragmento

Acordei com a faísca da esperança.
Permiti-me sonhar com as rajadas do Who knows.
Incólume acordei do devaneio,
Dormente e de costas para a fantasia abracei minha realidade.

Volto-me para o que sou,
Estou,não vou, nada sobrou... cacos completam-me.
Nunca seria nada além de um medíocre fragmento.
Nunca restou nada além dos restos que me tragou.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

A Aurora

Quem somos nós neste mundo complicado?
De outono é feito meus dias,
As folhas caem
Tão mortas quanto eu.

Esqueça as horas,
Os nomes,
Seu nome,
A voz...vozes...vorazes

Lembro da aurora, mas sobrevivo
Dos meus crepúsculos
Traga-me a aurora polar dos outros planetas
Assim viverei mais uma vez.
Caindo como as folhas
Neste mundo complicado

Devedor

Demito-me...de viver.
Abro concordata dos meus sonhos mais valiosos.
Silencio a falência que há tempos habita em mim.
Como um desgraçado devedor respiro o ar poluído da derrota,
Cansado estou desde o dia que corri da felicidade.

Na manhã de sol vi lugares desconhecidos,
Voltei para minhas neblinas.
Vergonha há para os que não cansam de invejar os afortunados,
Ver a pobreza dos outros me aflige.

Ainda sinto o palpitar do meu coração
Mesmo sem que eu queira que ainda trabalhe,
Sufocado do dia após dia vive a certeza do esquecimento.
Não há de ser nada ser ninguém.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Peçonhentas

Quando vivi na ignorância acovardei-me.
Sentada na mesa das serpentes ansiei pelos dias de alienação.
Sinto a ofiofobia natural de me sentir seu alimento.
Em meio à digestão deles, sou cuspida como o resto...
Restou apenas ser entorpecida mais uma vez por seus venenos.

Saudades da ignorância adormecida pelo sono eterno.
O saber mata os que não têm escamas.
Em posição de ataque os peçonhentos se preparam.
Munidos do amor aos valores,
Avaliam o potencial das vitimas.

Aguardo em meus sintomas às picadas fatais...
Não há soro para o mal de viver entre as serpentes.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Inaptidão

Alimento para o ser é a inesgotável busca da aceitação.
Inerte paira ao olhar as ruas desertas da noite triste.
O sossego é um segundo de um olhar atento.
A inaptidão dos sentimentos o coroou.

Um dia olhou a inexatidão de seu caráter.
Choraria as lágrimas que o fariam voltar a si...
Talvez a lucidez tenha viajado em um adeus eterno
Quisera tivéssemos mentes dignas dos bem-aventurados

De olhos fechados mirei o espelho.
Refletiu o esquecimento das mazelas passadas...
Vi o fantasma que busca escapar a cada suspiro.
Fugir não seria possível, pois sou feita do pior de mim.
.................. dou adeus, mas sempre volto ao reflexo daquele espelho.............

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Predestinado

Condenado as horas de aflições
Os espectros sussurram os limites da estória.
Não tenho forças para sucumbir à absoluta soberania dos corretos.
Leve-me ao monte dos escravos,
E liberte-me da utopia da escolha.

Predestinei-me à efêmera alegria.
Predestinei-me às longas noites dos temerosos.
Predestinei-me a vontade contínua,
Insondável estou para os escolhidos.
Não compreensível ao vosso entendimento
Vago entendendo-me e rejeitando-me.

Ser

Acorrentado aos erros e culpas,
Vive a vegetativa vida.
Seu ser misógino busca amar o reflexo.
Liberte-se de seu destino.
Predestinado aos questionamentos,
Enfraqueceram-se os ossos pelas constantes dores.
Dor do ser, dor sem cura.

Volte e olhe atrás do vale...
Estará lá seu passo rumo ao desespero.
Busque-se enquanto ainda há tempo.
Respire e no simples soslaio
Olhe para trás e solte erros e culpas.
Liberte a dor do ser.
Se duvidar haver ainda cura para ti... desista.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Cacos

Não cate meus cacos
Deixe-me exposta a humilhação.
Eu vou por aí,
Enquanto a dor dos ossos é sepultada...

Brigo em silêncio quando perco as forças.
Respiro a maldição da dor de coração.
O pior de todos os males invadiu-me a alma...
Já não sou eu que respondo por mim.

Nas escadarias escuras recobro o que sobrou.
Bebendo o pior dos vinhos,
Quero sentir a pior das ressacas.
Assim, creio sucumbir à dor da morte
Vivo não mais eu em mim...
Nada mais há em mim para te dar.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Mediocremente

Do que te ocultas?
Da privacidade?
Da obscuridade?
Da sincera falsidade?

Refém dos seus sentimentos
Momentos infinitos de dor.
Desta vida que levas medíocre
Não te ocultes da dor.
Não se aqueça do seu frio
Morra eu seus segundos de mediocridade...

Não se angustie ao vagar nas ruas.
Eles não lêem seus fantasmas.
Olhe eu seus olhos,
E inveje a paz dos resignados.

Do que te ocultas?
Da privacidade?
Da obscuridade?
Da sincera falsidade?

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Caminhos Errantes

Estava só neste caminho,
O vento acariciou os fracassos passados.
O desalento anda a passos lentos e descompassados.
Tocava, apalpando meus frios temores.
O beco sujo foi atravessado em meio a palpitações e horrores.
No cansaço, o retorno foi à investida da derrota.

Descoberto os caminhos,
Derrotaram-me com seus olhares bons.
Desisti de acorrentá-los as amarras da mágoa.
Aceita está a pseudo- cumplicidade.
Sorrirei para os bons no caos da alma constrangida.
Em suas multidões ansiarei pelo beco sujo...

Bailarei os passos fúnebres seus.
Aos acordes de seus sons
Prepararei-me para os seus campos de concentração.
Não temerei a descoberta das diferenças
Temerei o encontro do que não sou.
Sentindo dor de saudade da solidão.

domingo, 25 de janeiro de 2009

Seja

Seja as minhas lágrimas da saudade efêmera.
Traga a eternidade do seu sorriso em um cálice.
Beberei seu ser, embriagada dos seus medos...
Seja o meu pasto verde,
Meu mar,
Minha tempestade,
Minha estrada.
Não irei a lugar nenhum que me leve longe das suas ruas.


Sonharei os segundos da sua ausência.
Seja o meu céu mais bonito.
Seja minha manhã acinzentada e a chuva que lava meus pecados.
Beberei seu ser, embriagada dos seus medos...
Seja o meu pasto verde,
Meu mar,
Minha tempestade,
Minha estrada.
Não irei a lugar nenhum que me leve longe das suas ruas.
Todos os dias serão para os seus dias...

Inquisidores

Sentados olhamos a alegria dos afortunados.
De pé aplaudimos a esperança em nossos heróis.
Sentados fingimos nos incomodar com a miséria dos distantes.
De pé oramos cumprindo o rito da reforma dominical.

Deitados estremecemos a espera do pseudo- purgatório...
De joelhos bambeamos a espera de nossos inquisidores.
Rastejaremos ao redor da fogueira vindoura...
Deitamos ainda encolhidos e petrificados
Esperando a condenação de nossa real falsidade

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Ponte

O rapaz decidiu-se finalmente...
O carro verde, grande e invejado segue seu rumo.
Seguiu a luz dos faróis,
Ofuscado por suas escuridões espirituais.
Atravessando a ponte avistou o Rio,de céu cinza e chuvoso.
Emocionou...
Parou.
Mergulhou para o nada...
Nada sentiu ao olhar Niterói daquele ângulo... apenas agiu.
Apenas parou...
Desceu...
Pulou. . .

Trincheiras

Espere à guerra,
Não virei com paz.
Cansei-me das trincheiras desabrigadas,
Circulo errante nas tropas do inimigo.
Pensa ainda que estou na batalha,
Abandonada está a posição protegida...
Declaro à derrota
Ofereço as barricadas do não-perdão.
Morrer é fácil,
A vida é mais difícil.
Estilhace-me,
Sem minimizar meus danos.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Cerco

Novamente o hálito amargo.
Fecha-se o cerco ao Inimigo,
Isolo-o na redoma da minha ira.
Beba o sangue do meu desprezo!

Dilaceraria seus sonhos,
Ignoraria suas esperanças.
Mas bebi o cálice da vergonha...
Escondida, chorei o desejo da maldade.

Volto à caverna dos pensamentos maus.
Lá, torturo meus bons inimigos.
Livre do melhor que há em mim,
Livre do que não tenho na alma.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Ia...

Adoraria falar o amor.
Cantar as alegrias dos dias frescos,
Rir as animosidades dos minutos com crianças.
Beijar a boca e sentir o desejo da eternidade.
Morreria por alegrar-me ao comer um doce,
Sentir-me-ia feliz ao ver o sorriso seu.

Adoraria alegrar-me com o som das muitas vozes,
Suspiraria em falar dos que tenho como meus.
Comporia as amarras efemeramente eternas,
Cantarolando os olhos teus.

Sofro a experiência de não adorar o adorado.
Choro por não ser o tão esperado...

Acusados

Vigiados estão todos eles.
Olhos do sangue dos justos,
Paranóicos cantam a acusação.
Recuem, vigiados.
Os melhores ainda são os sãos...

Se voltassem ao passado mudariam os passos,
Se tentassem mudar verdes estariam seus pastos.
Condicionados ao fracasso, aceitei seus atos...
Acusados vocês estão de todos os seus pecados.

Além

Partirei ainda hoje.
Quisera viver segundos além-mim.
Vivo o eu perturbado,
E nada sobrou das migalhas da lógica.
Perambulando os segui em vão...
Os passos cadenciados deixaram-me para trás

Voltem infelizes felizes...
Absorverei suas falas letais.
Mentiremos juntos à beleza que nos cerca,
Cantaremos a putrefação alegre do nada além-nós.
Vivam vivendo a vergonha ainda viva.

Eu viverei das angústias.
Das nuvens cinzas do além-fim.

sábado, 10 de janeiro de 2009

Riso

Hoje ela riu.
Escondeu-se por um segundo da dor,
Fugitiva de si mesma,
Riu do nada ,
Nada sentiu.
Voltou para seu ser e trouxe de volta às feridas...
Infeliz, infelice, apenas ela...

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Próxima Parada

Brindemos o cálice de nossas angústias!
Inabitável estou desde o dia que acordei para mim
Um cemitério de emoções...
Absorvi os sofrimentos de outras almas.

O medo se foi...
Cansada aguardo ainda a próxima parada.
Uma ultima vez quero ver a relva.
Fujo nas ruas dos que tentam sondar meu coração.
Chorei a beleza que nunca tive,
Estremeci em minha fúria.
Torno-me a visita indesejável do inconsciente...

Salve-me de mim...
Transpiro gotas de sangue.
Tremo na multidão.
Ainda prefiro o silencio verdadeiro de minhas trevas
Ao enxofre das falsas alegrias.

O medo se foi...
Cansada aguardo ainda a próxima parada.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Tentativas

Tentando ser eu mesma
Não tenho conseguido ser ninguém.
Abraço-me ao sono dos desesperados,
Durmo com a tremedeira dos pecadores.
Tentando ser o que não sou
Tenho sido repugnante


Preciso fugir de mim,
Assim fujo dos outros.
Um labirinto de vozes ecoa
Sonho a morte leve dos destemidos.

Evito o veneno dos peçonhentos,
Alimento-me do sorriso dos que me amam.
É justo querer a morte,
Quando nada mais há que nos prenda.
Ainda estou presa nestes grilhões...
Doce morte, aguarde-me
Irei ao seu encontro quando for livre...

Tempo

Nublado são meus dias
Relembro a estrada vazia e negra em que vaguei.
O temporal alegrou minha existência.
Perambulei no presente sentindo-me do passado.

Escolho viver do passado.
Sinto os calabouços e suas paredes,
As feridas abertas pelo desespero da solidão.
Vejo moribundos expostos à luz do dia,
Compadeço-me em sentir a febre dos enfermos.
Dormi durante a peste que assolou a noite...

Ah, quisera viver eternamente no passado...
Presente e futuro doados aos esperançosos.
Dê-me o poder da escolha
Fugirei ainda hoje do hoje...

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Carta de um suicida

A quem possa interessar, matei-me.
Não suportei os dias de sol,
E obcequei-me pela eterna escuridão.
Fascinei-me pela oferta do descanso,
Desacreditada da luz ao fim de algum túnel.
Ao buscá-la em outro mundo
Orgulhei-me de minha covardia.

Rejeito os acordes das lágrimas
Abomino a musicalidade das honrarias
Orquestrei meu futuro...
Pobre, suja, cega e nua.
Serei lembrada como a sofrida angústia personificada

Sorria, o mundo está mais leve!
Agradeço os segundos eternos ao meu lado
Esqueça as flores, símbolo da falsa saudade.
Vim e volto só...
Não espere mais pelo alívio imediato,
Não, ainda não me enterrem...
Eis que ainda vivo... morta.

Não...

Não quero partilhar da mesa dos corretos novamente.
Seus alimentos são letais,
A bondade não lhes é inocente.
O veneno ainda corre em minhas veias.
Caminho a passos largos na rua dos sofridos.
Sofridos, inqualificados e desajeitados .

Não desejo mostrar algo bom.
Não seria justo apagar as rugas do meu coração...
Amadureço minha dor adolescente,
E desejo abrir as madrugadas expostas do meu ser.
Envelheci no mundo de dor e negras manhãs que vivo .

Não esconderei as olheiras da amargura,
Nem lhes imputarei as dores que foram causadas.
Meus sorrisos sombrios serão meu maior presente.
Rodearam-me da poluição diurna.

Não abandonarei minhas dores
Bebo minhas angustias
Apodreceremos juntos até o fim...
A morbidez é a água dos que seguem sem rumo...

DISPERSÃO - POR MÁRIO SÁ-CARNEIRO

Trechos...

Perdi-me dentro de mim
Porque eu era labirinto
E hoje, quando me sinto.
É com saudades de mim.

Passei pela minha vida
Um astro doido a sonhar.
Na ânsia de ultrapassar,
Nem dei pela minha vida...

Para mim é sempre ontem,
Não tenho amanhã nem hoje:
O tempo que aos outros foge
Cai sobre mim feito ontem. (...)

Desceu-me n'alma o crepúsculo;
Eu fui alguém que passou.
Serei, mas já não me sou;
Não vivo, durmo o crepúsculo.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Soneto 71 - William Shakespeare

Quando eu morrer não chores mais por mim
Do que hás de ouvir triste sino a dobrar
Dizendo ao mundo que eu fugi enfim
Do mundo vil pra com os vermes morar.

E nem relembres, se estes versos leres,
A mão que os escreveu, pois te amo tanto
Que prefiro ver de mim te esqueceres
Do que o lembrar-me te levar ao pranto.

Se leres estas linhas, eu proclamo,
Quando eu, talvez, ao pó tenha voltado,
Nem tentes relembrar como me chamo:

Que fique o amor, como a vida, acabado.
Para que o sábio, olhando a tua dor,
Do amor não ria, depois que eu me for.

Anoiteceu

Caminho entre os lúcidos buscando suas escuridões.
Sinto a perturbação dos que anseiam achar a luz...
Salvo estou em minhas paredes negras,
Não desejarei encontrar o que não há em mim.

O cansaço percorre minhas veias...
Ao mundo vil deixarei em poucos anos
Anoitecerá a última vez...
Minha alma agradecerá os infortúnios da existência,
Petrificada em flores, enaltecida pelo adeus...

Esperando ansiosa pela última noite...
Suavizo a busca proibida do fim imediato...
Anoiteceu, anoitecerá... mais uma vez...

A Escuridão que Há em Mim

Da dor trouxe o silêncio.
Silenciei minhas dores na escuridão da minha alma.
A solidão acalma-me...
Só, sou eu...
Em multidão sou eus.
Vagando nas trevas do meu inconsciente,
Espero-me à porta de mim mesma...

Em minha angústia gritei sem voz
Nada ecoou além dos pensamentos sombrios.
Sinto a alegria triste invadir-me o ser.
É proibido expressar trevas
Eternamente escrava do sofrimento mudo.
Minha alma cansou...
Espero anestesiado o fim... a dor é parte de mim...


Não choro as lágrimas do perdedor
As águas caem pela desistência...
Ando ao redor do pior de mim,
Penetro em minhas profundezas tenebrosas
Lá, espero olhando o nada...
Nada mais há para secar as lágrimas do meu espírito.



Sentei-me à mesa dos justos.
Incessantemente procurei segui-los em seus devaneios.
Tentei alcançá-los em vão.
E amargurei-me em tentar ser como os que não o são.
Viajo aos meus despedaçados sonhos.
A utopia fascina e remenda as cicatrizes.
Sonho encontrar o Inatingível,
Morro reconstruindo meus mosaicos a cada dia.
A insônia dos angustiados é a minha sina.

Não nego meu ser aflito
Acalmo as neblinas de meus olhos
E vivo a certeza da eterna vaguidão...
Meus devaneios guardados dos Sãos.

Anseio esconder-me dos declarados corretos,
Seus venenos agonizam os mais fracos.
Suas correntes são negras como os olhos de suas almas.
Deles me distancio na busca da estrada dos puros...
Puros das falsas bondades e obras...
Sigo em busca da luz que um dia poderá brilhar.
Antes que eu me apague por completo
E por pedaços que sou...
Minha escuridão... busca alguma luz do lado de fora.