quarta-feira, 25 de março de 2009

Dê-me vida

Te dei a chave para olhar além dos meus olhos.
Ainda assim não posso abrir todas as portas.
Hoje me sinto anestesiada.
É assim quando vivo todos os meus temores...
Vivo sem uma alma.
Meu espírito pernoitou em outro lugar.
Encontre-o e dê-me vida.

Não acordo do pesadelo.
Não tentarei acordar.
Sinto meu sangue escorrer,
Desfaleço do nada que me tornei.
Abro os olhos e vejo a verdade.
Não tenho alma
Meu espírito foi-se e congelei por dentro...

Escolho a escuridão,
Pois predestinamente não há escolhas para mim.
Não há nada aqui dentro.
Lembro-me da chave que lhe dei...
Salve-me de mim e ainda sorrirei
Salve-me de minhas dores
Onde tudo está entorpecido...

Não há cura

Não há cura.
Fadado as agonias diárias,
Perco planos e sonhos sólidos.
Agrava-se a cada minuto.
Haverá outro com tais sintomas?
Outros sem sono, sonhos,
Sofredores de insônias, angústias e tremores?
Haverá outros com dor da alma?
Cada respiração denuncia os sintomas
A culpa faz parte da dor.
Não há mais estruturas na casa...

Não há cura
A doença se agrava a cada dia
Todos os edifícios são convites ao salto final.
Olho para o céu e não enxergo o sol.
Haverá perdão para os imperdoáveis?
Perambulo ocultando mus versos
A vergonha sufocou um íntimo
Até quando suportarei o v ale de lamas negras?
Afaste-se de mim, não quero sorrir.
Alheio a tudo não percebi quando meu mundo desabou

domingo, 15 de março de 2009

Estrela Minha

Vi uma estrela
Não, vi a minha estrela.
Ela me acariciava única a me ver dormir.
Consolava-me penosa em ver minhas angustias.
Vi minha estrela.
Entendi suas palavras silenciosas,
Éramos iguais em nossas dores.
Deitada no chão frio eu admirava seu brilho.
Enquanto ela sussurrava já estar há tempos apagada.
Vi a única estrela
Ela sofreu ao ver-me partir.
Entrei no inconsciente
E acordei saudosa
Uma pausa enquanto escondo a dor no peito
Eles precisam achar que ainda brilho
Mas quando vi minha estrela entendi...
Estamos para sempre apagadas

Mais um Soneto

Ali, junto ao fim de tudo, não quero suas lágrimas.
Ali, entre as tristes homenagens finais,
Digam ao mundo que fugi enfim,
Desta vida vã, e entre os vermes irei habitar.

Não memorize minhas ultimas palavras.
Não reveja minhas mãos tremulas, mas o meu amor por ti eterno...
Se possível, por favor, me esqueça.
Se um dia ao ser lembrado te causar algum dano.

Se um dia olhares esses angustiados versos
Já serei pó,
Não te esforces em lembrar meu nome.

O amor, a vida, estará tudo acabado
Alguém melhor consolará sua dor
Do meu tolo amor não ria, depois que eu me for.

Cap

Façamos parte do pequeno clã,
O Clã das Almas Perturbadas.
Ansiosos, imersos em suas buscas.
Aflitos, afortunados de questionamentos.
Assombrados por saber.. o não-saber.

As catedrais não correspondem aos paradoxos.
Suas paredes exigem o eco da submissão.
Afastemo-nos da névoa da afirmação.
Enxergar o temporal é o bem maior dos impuros.
Sujos do questionamento proibido.

Sou parte do pequeno clã,
O Clã das Almas Perturbadas.

Corri e me escondi guardando as palavras
As dores do coração não perturbarão os escolhidos.
Dance suas danças alegres,
Desenterre sorrisos descompassados.
Ah, desengonçados, imitando os ritmados passos,
Mais uma vez buscarei a liberdade nos escombros.


Não há vida longe do meu clã,
O Clã das Almas Perturbadas.

Meus versos são meu sonho dado

Fernando Pessoa
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Meus versos são meu sonho dado

MEUS VERSOS são meu sonho dado.
Quero viver, não sei viver,
Por isso, anônimo e encantado,
Canto para me pertencer.
O que soubemos, o perdemos.
O que pensamos, já o fomos.
Ah, e só guardamos o que demos
E tudo é sermos quem não somos.
Se alguém souber sentir meu canto
Meu canto eu saberei sentir.
Viverei com minha alma tanto
Quanto outros vivem (?)

quinta-feira, 12 de março de 2009

Presente no Presente

Hoje não falarei dos pesadelos,
Dos tremores,
Das angústias,
Das insônias,
Das mágoas metafísicas,
Da existência forçada.

Hoje cantarei os sonhos,
As certezas,
Os alívios,
As fugas sem dissabores,
Os apoios incondicionais,
A inexistência do entender a alma.
Fernando Pessoa
Meus versos são meu sonho dado

MEUS VERSOS são meu sonho dado.
Quero viver, não sei viver,
Por isso, anônimo e encantado,
Canto para me pertencer.
O que soubemos, o perdemos.
O que pensamos, já o fomos.
Ah, e só guardamos o que demos
E tudo é sermos quem não somos.

Se alguém souber sentir meu canto
Meu canto eu saberei sentir.
Viverei com minha alma tanto
Quanto outros vivem (?)

segunda-feira, 9 de março de 2009

Poeira do Asfalto

As noites tomam-me os sonhos.
No abrir e fechar dos olhos fujo da realidade.
Existirá alguém mais tão inadequado quanto eu?
Os pensamentos me são como a poeira do asfalto.
Que levantam a luz do dia e toma seu lugar de direito a madrugada.

Estremeço a cada minuto por saber o que sou...
E não há esperanças de uma mudança em um mundo escorregadio.
Por favor, coopere e sorria!
Siga o ciclo dos gratos =============
Viva definhando as esferas amargas, beba sua violência interna.

Se tiveres astúcia, ouça:
Não há um porquê de viveres na cadeia da cidade,
Se estás preso às cadeias dos seus pensamentos...
Por favor, coopere e sorria!
Siga o ciclo dos gratos =============